segunda-feira, setembro 14, 2009

Danço eu, dança você


Bethânia amargava na introspecção. Isso porque conhecera um sentimento da pior qualidade: a desilusão. Desta vez nada tinha a ver com o coração, seja partido ou vazio. O cotidiano de responsabilidades a decepcionava.
Pessoas sem respeito, mal educadas, ciumentas, que sentem prazer em desvalorizar o próximo, o excesso de afazeres e as péssimas condições de sobrevivência. Ela não conseguia aceitar a justificativa: “tem muita gente em situação pior”. Sim, existe, mas ela não tinha culpa disso. E também lembrava que tinha outras muitas criaturas em condições bem melhores.
O último golpe viera de uma pessoa muito próxima. Sabe aquelas amigas com quem, há décadas, andava de bicicleta, ia pra escola e brincava de boneca diariamente? E mesmo depois de tanto tempo, jamais perderam o contato. Pois é, essa amiga resolvera partir para um nível inferior e tentar dar uma rasteira profissional. Para uma escritora iniciante como Bethânia, tal acontecimento poderia ser fatal.
As canetas receberam férias. Várias borrachas foram gastas, na tentativa vã de apagar alguns fatos. O rádio estava no volume mínimo. E se ele desligar...

segunda-feira, agosto 24, 2009

No blog do Carpinejar...

DAS HISTÓRIAS LINDAS DOS LEITORES
Arte de Tony Cragg




"Olá!

Eu não venho aqui porque tenho dúvidas no relacionamento ou porque carrego um coração em pedaços. Minha intenção é te agradecer. Esclareço:

Há um ano, tu patrono da Feira do Livro de São Sepé - RS, eu na busca de um livro teu para presentear um colega que faria aniversário em seguida:
- Oi. Quero levar este livro. - disse eu, após demorada escolha.
- Aproveita e pega o autógrafo do autor, ele tá ali. - apontou a vendedora. (tu tomava chimarrao dentro do caminhão dos livros)
Eu, vermelha, roxa, azul, verde, multicolorida de vergonha, fui lá.
- Pode autografar?
- Claro, qual é teu nome? - tu respondeu.
- Não é pra mim. É pra um amigo. O nome dele é Sidi. - repliquei.
(...)
- Olha aqui: "Para Sidi, o amor que nasce nesta amizade". - tu leu.
- Mas como tu sabe? - respondi extremamente desajeitada.
- Eu percebi quando tu entrou. - replicaste.

Pois bem, venho comunicar que o meu casamento com o Sidi está marcado para outubro de 2010. O "Livro de Visitas" foi a gota d'água para que um relacionamento de amizade - que escondia diversos outros sentimentos - perdesse as vergonhas e se tornasse um romance assumido. E uma cumplicidade inquebrável. E um laço bem amarrado.

Beijo
Fernanda"

Acessa aqui o blog dele.

quinta-feira, julho 30, 2009

Eu vejo um novo começo de era

No percurso da vida, mudar é inevitável. Maria Rita canta bem as primeiras modificações que se sofre, pois “crescendo foi ganhando espaço, pulou do meu braço, nasceu outro dia e já quer ir pro chão”. Luiz Gonzaga entendia bem a fase seguinte, em que “toda menina que enjoa da boneca é sinal que o amor já chegou no coração. Meia comprida, não quer mais sapato baixo”(ela só quer, só pensa em namorar).

Há um tempo atrás, a Xuxa incentivava as mudanças, com seu próprio exemplo “esteja o meu destino onde estiver eu vou buscar a sorte e ser feliz”. Nei Lisboa ainda é mais ousadinho: “eu tô abrindo a estrada que chega aonde eu for” (e o acaso me deixou na porta da tua casa).

Porém, existem casos complicados, onde o amor está relacionado. O povo do Timbalada já passou por isso: “eu fui embora meu amor chorou. Eu vou nas asas de um passarinho, eu vou nos beijos de um beija-flor, no tic tic tac do meu coraçããão”. Os Los Hermanos ainda tentaram reparar, demonstrar cuidado: “eu hoje vou pro lado de lá, eu tô levando tudo de mim que é pra não ter razão de chorar. Vê se te alimenta e não pensa que eu fui por não te amar”. (ai, essa doeu no coraçãozinho. Snif...). Ainda bem que alguém se deu conta que nem tudo muda tanto assim. Bidê ou Balde que o diga: “é sempre amor mesmo que acabe. Com ele aonde quer que esteja, é sempre amor mesmo que mude, é sempre amor mesmo que alguém esqueça o que passou”. (canção proibida para quem possui problemas cardíacos. Ai, ai...)

Mas claro. Não podemos esquecer que tem gente que de fato quer mudar. Chitãozinho e Xororó entendem bem: “tranquei a porta do meu peito, depois joguei a chave fora e bem depressa mandei a solidão embora” (dona das minhas vontaaaades... com direito a dancinha). A mãe de Zezé di Camargo e Luciano (o dia em que eu saíííí de casa minha mãe me disse...) também sabe das coisas: “Meu filho vá com Deus que este mundo inteiro é seu. Eu sei que ela nunca compreendeu os meus motivos de sair de lá, mas ela sabe que, depois que cresce, o filho vira passarinho e quer voar”. Eu, hoje me incluo neste grupo, pois “tudo passa, tudo sempre passará. A vida vem em ondas como o mar, num indo e vindo infinito”. Agradeço aos queridos leitores e as fontes por me acompanharem durante minha trajetória no jornal A Fonte. As Pílulas de Vinil continuarão sendo publicadas em: www.fernandacouto.blogspot.com. Abraços!

quarta-feira, julho 22, 2009

Com a bênção de São Jorge


O jargão “com a cabeça na lua” concretizou-se há 40 anos, quando dois astronautas estadunidenses chegaram ao satélite natural da Terra. Até hoje há quem duvide de tal façanha. Para não entrar em atritos, convido-os a viajar para o mesmo destino, através de algumas músicas.
Meu convite não é nada moderno, afinal Celly Campelo já narrava suas peripécias lá nos anos 60: “Tomo um banho de lua, fico branca como a neve, se o luar é meu amigo, censurar ninguém se atreve. É tão bom sonhar contigo, oh! Luar tão cândido”. Eu também evocava a bolinha prateada lá de cima, há uns 20 anos atrás, quando acompanhava a Xuxa: “Lua de cristal que me faz sonhar, faz de mim estrela que eu já sei brilhar. Lua de cristal nova de paixão, faz da minha vida cheia de emoçããããão”. Também não poderia faltar aquele famoso astronauta – o de mármore, entoado pelo Nenhum de Nós, que avisa: “A lua inteira agora é um manto negro Oh! Oh!”.
O tempo passou, os ritmos mudaram mas o tal satélite mantinha-se em alta, como Katinguelê mostrou, através do pedido: “Lua vai iluminar os pensamentos dela, fala pra ela que sem ela eu não vivo, viver sem ela é meu pior castiiiigo”(isso aí, todo mundo com a mãozinha pra cima e fazendo o passinho).
Duas bandas bem legais também resolveram utilizá-la para falar dos amores e devaneios, como “Tendo a lua, aquela gravidade aonde o homem flutua, merecia a visita não de militares, mas de bailarinos e de você e eu”, que chegou aos nossos ouvidos pela voz de Herbert Viana, em 1991. E saber que, “hoje a noite não tem luar e eu estou sem ela, já não sei onde procurar, não sei onde ela está”, combinado com a voz triste do Renato Russo, completa.
Para os mais modernos, a lua tornou-se presente: “não há no mundo quem possa te dizer
que não é tua a lua que eu te dei, pra brilhar por onde você for”, garante a presenteadora Ivete Sangalo. Há ainda quem desqualifique o satélite como mau caráter. Joelma e o Calypso que o digam afinal, “a lua me traiu! Acreditei que era prá valer. A lua me traiu!
Fiquei sozinha e louca por vocêêê... aaaah aaaah”.
Ao pesquisar, percebi que há muita música que se utiliza da lua pra poetizar. Não cabiam todas neste espaço, portanto, optei pelas mais conhecidas. Dentre todas, há uma muito fofa, que por muitas vezes me identifico: “Lua Cheia, fica doida, Lua Cheia, vamos namorar. Lua Nova, vida boa, Lua Nova, ela quer casar”. Sim, é Lua Nova.

terça-feira, julho 21, 2009

Rei, pra sempre majestade


Sandra era mais velha, mais legal, mais bonita e hoje, sei que era a mais paciente. Quando chegara com aquela sacola de mercado que continha uma garrafa de refrigerante e um copo promocional, despertara a curiosidade. Era mais que um desejo de consumo, pois minha mãe não deixava eu tomar refrigerante toda hora e o copo era de um tal de rei do pop. Rei, eu até entendia, afinal, conhecia bem a rainha dos baixinhos, mas pop...
Mais de uma década depois, a memória buscava aquele fatídico 1993. A tentativa era de recordar os passinhos de dança que a Sandra ensinara enquanto exibia seu copo do Michael Jackson. Entre aquelas paredes verdes, Black or White era o som. Há poucos dias, a notícia que não se esperava. A Terra parou com a notícia da morte de Jackson. Mais do que triste, fiquei impressionada. Eu nunca imaginei presenciar um fato destes, mesmo sabendo que tal hora chega a todos os mortais. É, eu aprendera o significado de rei do pop.

quinta-feira, julho 02, 2009

Desabafo


Em uma semana, por diversas vezes senti a necessidade de escrever. Os assuntos são banais, mas transpor em letras o que sinto é a terapia mais apaixonante que conheço. Não é à toa que escolhi ser jornalista, assim como não é à toa que quero escrever, no mínimo, um livro.
À toa mesmo foi o discurso do ministro Gilmar Mendes, dizendo que jornalismo não é ciência, ou seja, não necessita de técnicas. E o assunto não é batido não! É necessário que mantenha-se em destaque para as pessoas não esquecerem que o direito e a qualidade da informação emitidas pelos meios de comunicação estão ameaçados.
Com orgulho, zelo pelo meu diploma, adquirido após quatro maravilhosos anos, entre aulas de teorias da comunicação, do jornalismo, redação jornalística, técnicas de pesquisa, reportagem e entrevista, assessoria de imprensa, radiojornalismo, comunicação comunitária, telejornalismo, sociologia da comunicação, ética, legislação, cibercultura, jornalismo online, língua portuguesa, história do jornalismo, estética, filosofia, fotojornalismo, planejamento gráfico, metodologia científica, etc. E não para por aí, já que estou prestes a concluir a pós-graduação em Comunicação e Política e devo ingressar num Mestrado daqui um tempo.
Sem o mínimo de humildade, afirmo que o meu diploma tem muito valor e que o meu trabalho não fere a liberdade de expressão de ninguém, afinal a página de opinião do jornal está à disposição do cidadão. Mais do que isso, agradeço às minhas fontes por confiarem a mim as histórias de suas vidas, muitas vezes sem final feliz. São estas pessoas que me proporcionam o prazer de levantar diariamente disposta a contribuir para uma era melhor.

Tendência Para Morrer


A vida de mulherzinha muitas vezes me tira do sério. Eu sei que só assim terei o prazer de, um dia, carregar no ventre outra vida; que serei referência para um outro ser e que possuo uma sensibilidade superior diante do sexo masculino. Mas em dias como hoje, isso não basta!
A Tensão Pré Menstrual (TPM) é algo inconcebível de tão desagradável. Acompanhe os fatos (o que está em maiúsculo é “o que se passa nessa cabecinha, é claro que era da minha, você não pode duvidar”, como cantavam Raimundos):
- Acordei ao som de um carro anunciando concurso de modelos: A TROCO DE QUÊ ESSA M**** PASSA NA FRENTE DA MINHA CASA SE EU NÃO SOU MODELO E NEM TENHO JEITO PRA TAL PROFISSÃO??????
- Cheguei no trabalho e procurei a Simone no msn. Queria conversar, ora! ELA NÃO TAVAAAAA!
- Puxei conversa com a Luane e ela deu uma resposta rápida. QUE INFERNO ESSA VIDA, QUE EU NÃO TENHO MAIS COM QUEM CONVERSAR. VIM PARAR NESTE FIM DE MUNDO E O MEU MUNDO CAIU.
- Pedi a um colega para tirar meu crédito como diagramadora de uma página, pois só fiz o projeto e o diagramador é ele. Ele disse que não, que eu era a diagramadora. SE EU DISSE QUE NÃO SOU, É PORQUE NÃO SOU. NÃO RENUNCIARIA UM CRÉDITO NUM TRABALHO MEU, NÃO ACHAAAAAAAAAA?
- Liguei para um entrevistado e ele não tava. O QUE UMA PESSOA FAZ NA RUA ÀS 12h10 min???? NÃO SENTE FOME NÃO???
- Saí para almoçar. Está frio, mas tem um sol lindo. Só que no meu caminho, o lado da rua que tem sol, existem árvores. QUEM INVENTOU ISSO???? PORQUE NÃO PLANTARAM ESSAS ÁRVORES EM ÁREAS DEGRADADAS??? NEM NO SOL NÃO SE PODE ANDAR MAIS?????????????
- Ao chegar no restaurante, percebi que aumentou R$1,00 o preço do quilo da comida. Eu almoço lá há uns três meses e é a quarta vez que inflaciona. NÃO TENHO OUTRA OPÇÃO, NÃO TEM RESTAURANTE COM PREÇO ACESSÍVEL NESTA CIDADE E OS SUPERMERCADOS FECHAM ÀS 18H30, 19H. ONDE JÁ SE VIU ISSO???? DE FATO O MEU MUNDO CAIUUUUUUUU!!!!!!!!
Sim, eu pensei tudo isso. Depois que o pensamento se forma, logo vem um outro que debocha do primeiro, por ser tão tolo. Aí, eu choro por ser uma idiota e é por ser idiota assim que nada dá certo pra mim. BUÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ.

E a história se repete, a cada 28 dias.

Trilha sonora: Meu mundo caiu - Maysa

sexta-feira, junho 19, 2009

Circo contrata palhaços profissionais e aprendizes


De jornalistas profissionais a palhaços com registro...
E queremos ver o circo pegar fogo!

Venha e participe!
Manifesto pela obrigatoriedade do diploma para jornalistas.
Faça cópias do seu diploma ou matrícula no curso de jornalismo, vista seu nariz de palhaço e defenda a profissão.

Sábado, 20/06
10h
Praça Saldanha Marinho - Santa Maria.

quarta-feira, junho 17, 2009

Frustração e muita, mas muuuuuita raiva no coração!

Ontem eu fiquei deveras feliz com uma notícia da querida Bia. Ela entrou no msn e disse: "Fer, terminei a monografia!" Sim, fiquei feliz de verdade, por que ainda posso lembrar a emoção que senti quando estava em tal fase. Olheiras profundas, correria para imprimir as três cópias, misto de nervoso com euforia.
Passaram-se pouco mais de 24 horas e o que sinto é extremamente oposto. Nesse momento, com os votos de Gilmar Mendes, Carmen Lúcia, Ricardo Lewandowiski, Eros Graus, Carlos Ayres Britto, Cézar Peluso e Ellen Gracie, o diploma de jornalista caiu por terra. Simples assim, pode rasgar e colocar no lixo. De acordo com o "digníssimo" Gilmar Mendes "existem cursos superiores de culinária e não significa que não possam existir ótimos chefs que não o cursaram".


E assim, eu retiro a minha alegria pela Bia... Ela teve a infelicidade de escolher uma profissão, estudou para conhecê-la e provavelmente se apaixonou (assim como eu), que agora é de qualquer um. Até gente do tipo Gilmar Mendes e sua trupe citada acima. ¬¬

quinta-feira, junho 11, 2009

O infinito não é maior que o meu amor, nem mais bonito...


Bethânia tentou disfarçar e olhou pra trás, em direção a Otto, que por sua vez, a mirava. O rubor tomou conta da face. Mexeu no cabelo e virou para frente. Aquela viagem de volta foi embalada aos versos “estou entregue a ponto de estar sempre só, esperando um sim ou nunca mais”. vanessa da Mata realmente entendia o momento.
Músicas de amor não faltam e em determinadas fases, todas se encaixam com o momento vivido. Naqueles dois meses ,até a em princípio “dupla brega” Victor e Léo tornara-se agradável aos ouvidos. Bethânia devaneava ao ouvir que “esse amor entrou no coração, agora diz o que é que a gente faz, pode dizer sim ou dizer não: ser só seu amigo não dá mais”. Tal situação também auxiliou na quebra de barreiras. Somente assim, ela descobrira que, diferente de outras duplas de sertanejo universitário, Victor e Léo muitas vezes esbanjam sentimentos legais em suas músicas, sem esganiçar e repetir, repetir, repetir o mesmo refrão.
Todas as férias terminam. E costumam resultar em reencontros. A data 08/08/08 passou a ser emblemática. “Eu encontrei quando não quis mais procurar o meu amor”, ela assoviava em pensamento. “Do nosso amor a gente é quem sabe, pequena”, Otto respondia pelo olhar. Los Hermanos interpretava muito bem a história daquele novo casal.

segunda-feira, junho 08, 2009

Não é fácil ser igual diante dos homens

Desde que entrara na escola, Mariana vivera sob a mira de um fantasma. O fantasma do deboche. Este descende da família inglesa Bullying e já assombrou milhares de terráqueos. Para os outros, sempre fora a esquisita, a atrasada, dentre outros adjetivos pouco agradáveis.
Naquela tarde, todas as colegas estavam possuídas por uma certeza que abalariam. O ídolo da música estaria ali, bem pertinho, falando de não se sabe o quê, mas estaria. E na cabeça envolta em devaneios, natural de quem tem seus 11 ou 12 anos, já imaginavam ele chegando, se apresentando e convidando para dar uma volta.
No momento crucial, Mariana, quieta, observava. A turma, disputando para ver quem fotografava no melhor ângulo. Quando teve oportunidade, levantou e questionou de acordo com seus conhecimentos, que não eram poucos. E multiplicavam-se se comparado as seus comparsas. Todos os olhares, naquele instante impressionados, voltaram-se para ela. “Não escutei, vem aqui falar mais perto”, o super star solicitou.
Em um segundo, milhões de pensamentos. Correu, chegou perto, perguntou. Quando se fez necessário interrompeu a resposta e compartilhou o desabafo que guardava há mais de uma década.
Engoliu seco, os olhos encheram-se de lágrimas – sim, os grandes ídolos são suscetíveis à emoções. Mariana ele já na enxergava mais, sumiu em meio àquele tanto de gente. Porém, marcara sua carreira como ninguém havia feito antes. E para os íntimos, também pop stars, compartilhou: “Naquele momento, qualquer possível dificuldade que eu tive para concluir a obra, tornou-se insignificante”.
Além de músico, ele tornara-se assassino de fantasmas.





Trilha sonora: Julho de 83 - Nenhum de Nós

terça-feira, maio 12, 2009

Luz na passarela

Semanas de moda são organizadas com todo cuidado a cada início de ano. Divulgação, holofotes, modelos famosos resultam em uma passarela lotada de tendências da área do vestuário. Porém, uma forte concorrência surge através dos tímpanos. Cantores e cantoras são inspiradores da moda de rua.
Não irei muito longe, como é costumeiro. O início da década de 90 trouxe às rádios – inúmeras vezes por dia – a música sertaneja. E quem não cortou ou conheceu alguém que cortava o cabelo igual à Chitãozinho e Chororó? E ainda cantava na frente do espelho “e nessa loucura de dizer que não te quero, vou negando as aparências, disfarçando as evidências...”. As roupas jeans também dominaram os roupeiros, e os detalhes ficavam por conta das franjinhas e calças grudadas no corpo (e ao fundo, no mais alto volume: “entre tapas e beijos, é ódio, é desejo...”).
Coletes e calças coloridas, (lê-se laranja, vermelha ou azulão) demonstraram que o pagode estava dominando o gosto do povo. Isso em 93 / 94, quando, nas excursões de escola, a barata da vizinha tornou-se hino. As meninas logo partiram pra um novo estilo, fazendo do short de lycra® peça essencial. De preferência, os bem curtos, que facilitava para dançar na boquinha da garrafa ou dizer “Xô” pro Satanás.
Mais adiante, o visual ligado ao rap começou a ser difundido por Claudinho e Buchecha e também Gabriel O Pensador. Calças largas, camisetas grandes e boné eram a indumentária necessária para chegar na garota e dizer “quero te encontrar... quero te amar, você pra mim é tudo, minha terra, meu céu, meu mar”. As meninas preferiam aderir à moda tipo exportação das Spice Girls.
Já neste século, top, calça justíssima ou saia bem pequena, unido ao salto alto saíram dos barracões e ganharam o país pra animar as popozudas e passar o cerol na mão (que medo!) . Na mesma época, os grupos pertencentes ao Tchê Music, que ainda tocavam em CTG’s e rádios nativistas, resolveram inovar nas bombachas. Confundindo-se com os vestidos das prendas, quanto mais larga, mais “dança no pé, alegria no rosto, cabelo ao vento, sempre disposto...”. Nem os tradicionalistas escaparam.
Outros exemplos são o da moda skatista, que contagiou a gurizada através do Charlie Brown Jr.; as bermudas floridas dos surfistas que vieram junto do “Ursinho de Dormir” do Armandinho; e, nos últimos tempos, o visual emo que domina ruas, festas e escolas. Sendo assim, por que não promover um desfile de moda paralelo a um festival de música? Não seria nada mal anunciar as novas tendências.

quarta-feira, março 25, 2009

Eu disse não

(Foto AFP para Globo.com)
Não sei se isso contribui com o tesão, mas uma empresa francesa lançou no mercado camisinhas com a imagem do papa Bento XVI e a segiunte frase: "Eu disse não". O intuito é ironizar a declaração do líder da igreja Católica, que afirma para quem quiser ouvir que distribuição de camisinha não ajuda no combate à Aids.
Sacada comercial no mínimo espirituosa...

quarta-feira, março 18, 2009

Até enjoar e nunca mais aparecer


Foram quatro dias de folga para a maioria dos brasileiros (eu ainda acho que folga é para os fracos...)... muita música, samba no pé e axé nos ouvidinhos. O Carnaval, além de fazer o povo se animar, é uma maternidade de sucessos que perdurarão durante o ano. Sempre surge um hit que, posteriormente, será considerado a grande música do verão.
No final da década de 90, rádios e programas de TV abusaram de nossos tímpanos com a tal história de "bate forte o tambor que eu quero é tic tic tac", música do grupo amazonense Carrapicho, criado em 1980, com a finalidade de difundir a música folclórica do Estado. Esse ainda tinha um propósito, mas e o tal do "pinto do meu pai, fugiu com a galinha da vizinha", representação sonora difundida pelo grupo Raça Pura e precursor de coreografias e muitos pedidos nas rádios? O que une um sucesso ao outro? Foi único. Nunca mais se ouviu falar em nenhuma das bandas citadas.
Esse barco que afunda rápido não é exclusivo da atualidade, onde é mais fácil lançar um CD do que dormir. Na década de 60, a música "O bom", foi o grande e exclusivo hit de Eduardo Araújo. Lá por 1994, vinha "o negão, cheio de paixão te cata te cata te cata querendo ganhar todas as menininhas...", através das vozes do grupo Cravo e Canela. Seguindo a mesma tendência, os Virgulóides não passaram pela experiência da fama por uma segunda música. Será que foi por que não descobriram de quem era o bagulho no bumba? A dúvida que permanece é de quem será o próximo grande campeão do troféu efemeridade.

quinta-feira, março 05, 2009

Bê de Baixinho

É tarde de Carnaval infantil. Ana Carolina, na inocência de seus quatro anos, chega em casa exclamando:
- Ouvi uma coisa absurda!
- O quê?
- Uma música que tocou lá no Carnaval...
- Mas por que era absurda? O que dizia?
- Eu não sei toda, mas tinha uma parte que dizia 'bebê, caí e levantá'.
- Mas e daí?
- Ora! Se o bebê cair ele vai chorar, ele não vai saber levantar.
Pois então, venha me dizer que a música não influencia as crianças. Depois deste comentário, a pequena ficou mais uns dois dias cantando a tal canção. Não compreendo o que leva um adulto a executar esse tipo de som em uma festa infantil. Porque não pára por aí. É o tal de “créu créu créu” ( que os pequenos sabem toda a coreografia!), Kelly Key com “a gente sai... a gente sai escondido pra beijar na boca e fazer amor” e o próprio “beber, cair e levantar”, que digamos que não é das melhores influências para quem está formando sua personalidade.
Costumo dizer que a Xuxa foi minha babá, pois era sagrado meu encontro com ela todas as manhãs. E podem dizer que ela fez filme erótico, que usava pouca roupa e isso e aquilo. É verdade, eu sei, porém uma criança não assimila esse tipo de informação e sim a idéia de que “tudo que eu quiser eu vou tentar melhor do que já fiz, esteja o meu destino onde estiver, eu vou tentar a sorte e ser feliz”, entoada na voz da rainha dos baixinhos. Além dela, outros nomes construíram um legado de músicas próprias para a faixa etária menor, como Trem da Alegria e Balão Mágico. Inclusive as histórias de amor eram cantadas com maior meiguice, onde a proposta era “cola o teu desenho no meu pra ver se cola, cola o teu retrato no meu e me namora”. Até o seriado Chaves, embora se utilizasse da violência tosca (pipipipipipi), possuía uma trilha sonora agradável aos pequenos ouvidinhos. (Que bonita sua roupa, que roupinha mucho louca...)
Sinto uma carência no mercado fonográfico infantil, e parece que não há interesse em ser suprida. Duvido que um pai ou uma mãe prefira comprar um CD do MC Créu pro filho de três anos ouvir, do que um próprio para o mundo infantil. Há pouco tempo foi lançado um disco intitulado Canções de Ninar, direcionado para os pequenos, no qual, dentre elas, estava “Ursinho de Dormir” do Armandinho, música que possui a seguinte frase “eu tenho um beck pra depois”. Chega a ser ridículo...Mais do que irritada, torço, aliás, sou líder da torcida para que as gravadoras tornem a explorar este nicho de mercado. E que seja antes dos meus filhos virem ao mundo, senão vão me achar breguíssima quando eu contar que aprendi a ler e escrever com Abcdário da Xuxa...

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Entre no meu carro, que você vai entender

A ligação entre carro e música não é novidade. Um exemplo são as pessoas que possuem em seus automóveis, aparelhos de som que valem mais do que o próprio veículo. Este casamento é de tempos atrás. Lá da época em que "ela foi vista com outro num Fuscão preto na cidade a rodar". Isso era o que cantava Almir Rogério, na década de 1980, o que lhe rendeu disco de diamante.
Mas o namoro entre som e velocidade iniciou lá quando "uma garota fez sinal pra eu parar e no meu Calhambeque fez questão de passear", música trabalhada por Roberto Carlos, em 1963, e um dos ícones da Jovem Guarda. O mesmo Roberto gostou deste romance e faturou fãs e prestígio desde que fez o convite " Se você pretende saber quem eu sou, eu posso lhe dizer. Entre no meu carro, na estrada de Santos, e você vai me conhecer". No mesmo estilo romântico ousadinho, "pego meu carango e vou pro Guarujá", entoava Wilson Simonal, contemporaneamente. Já numa propaganda ufanista escancarada, Jorge Bem Jor demonstrava que não precisava de muito para sobreviver "Tenho um fusca e um violão, sou Flamengo, tenho uma nêga chamada Tereza. Mas que beleza!".
Marcando uma fase que em boa parte das letras permaneciam os sentimentos de desilusão, Raul Seixas confirmou dizendo que deveria "estar feliz porque conseguiu comprar um Corcel 73". A crítica ao regime militar vigente na época estava implícita. Também em ritmo de contestação, na década de 80, as lembranças remetiam a 1963, quando "a gente fugia de noite, numa fissura que não tinha fim, na garagem da vovó tinha o banco do Simca Chambord", no som da banda Camisa de Vênus. A "Veraneio vascaína que vem dobrando à esquina", ao som de Aborto Elétrico, banda que originou, posteriormente, Legião Urbana e Capital Inicial, participava deste movimento de crítica, neste caso, sobre a polícia carioca, que possuía Veraneios com as cores do time Vasco da Gama. A música em questão foi censurada.
E até para quem não tinha carro ou não tinha idade para dirigir, havia uma solução musical, como demonstra Angélica: "Vou de táxi, mas só pra te ver". A tristeza voltou a habitar na década de 90, com "os pedaços do Opala azul de Johnny pelo chão", da Legião Urbana.
O escracho tomou conta nas composições mais atuais, como se comprova através da "Brasília Amarela que está de portas abertas" e consagrou os Mamonas Assassinas. Fez a banda gaúcha Maria do Relento tornar-se conhecida após "correr no Corcel 72 movido a gás". Não deixou Ivete Sangalo a pé, já que tinha um carro velho "pois eu sei que andar a pé, amor, é lenha!". E lembra dos carros que citamos, no início do texto? Pois é, também já foram musicados por Ivonir Machado: "O meu carro bem pegado vem na onda dos magrão, caprichei numa sonzeira, vale mais que o Chevettão".

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Que planeta é esse?

No início de cada ano, o cenário musical da região Sul do país é marcado por um evento: o Planeta Atlântida. Desde já as informações bombardeiam a tela da TV, assim como as ondas do rádio. Os shows são para os mais variados gostos, indo de MV Bill a Victor e Léo. Ainda tem os palcos paralelos, que atendem as expectativas de qualquer fã de música. Obedecendo, obviamente, à regra de mercado: estará lá quem vende bastante.
Há quarenta anos, um festival de música com variados estilos marcava uma geração: o Woodstock. Realizado em Nova York, recebeu mais de 400mil pessoas. O evento, além de musical, foi o marco da contracultura, que era uma forma de contestação aos valores tradicionais e morais da sociedade.
Em 1985, foi a vez de o Brasil ter um festival relevante, conhecido: o Rock in Rio. Neste, o estilo musical está explícito no nome e destacou-se por ser o precursor a trazer atrações do rock internacional como AC/DC, Iron Maden e Queen, que até então não faziam shows na América do Sul.
Pois bem, agora a chamada para o festival (ao qual me referi no início do texto) de um dos principais patrocinadores é a seguinte: “É pra pegar geral”. No comercial também se refere à “preparar os hormônios”. E eu sempre entendi que o planeta onde a música é o ar que se respira, ou seja, um fomento à cultura musical... acho que me enganei. A música parece estar em segundo plano.