segunda-feira, junho 08, 2009

Não é fácil ser igual diante dos homens

Desde que entrara na escola, Mariana vivera sob a mira de um fantasma. O fantasma do deboche. Este descende da família inglesa Bullying e já assombrou milhares de terráqueos. Para os outros, sempre fora a esquisita, a atrasada, dentre outros adjetivos pouco agradáveis.
Naquela tarde, todas as colegas estavam possuídas por uma certeza que abalariam. O ídolo da música estaria ali, bem pertinho, falando de não se sabe o quê, mas estaria. E na cabeça envolta em devaneios, natural de quem tem seus 11 ou 12 anos, já imaginavam ele chegando, se apresentando e convidando para dar uma volta.
No momento crucial, Mariana, quieta, observava. A turma, disputando para ver quem fotografava no melhor ângulo. Quando teve oportunidade, levantou e questionou de acordo com seus conhecimentos, que não eram poucos. E multiplicavam-se se comparado as seus comparsas. Todos os olhares, naquele instante impressionados, voltaram-se para ela. “Não escutei, vem aqui falar mais perto”, o super star solicitou.
Em um segundo, milhões de pensamentos. Correu, chegou perto, perguntou. Quando se fez necessário interrompeu a resposta e compartilhou o desabafo que guardava há mais de uma década.
Engoliu seco, os olhos encheram-se de lágrimas – sim, os grandes ídolos são suscetíveis à emoções. Mariana ele já na enxergava mais, sumiu em meio àquele tanto de gente. Porém, marcara sua carreira como ninguém havia feito antes. E para os íntimos, também pop stars, compartilhou: “Naquele momento, qualquer possível dificuldade que eu tive para concluir a obra, tornou-se insignificante”.
Além de músico, ele tornara-se assassino de fantasmas.





Trilha sonora: Julho de 83 - Nenhum de Nós

Um comentário:

antes que a natureza morra disse...

Com textos tão bons, é sacanagem postar tão pouco.
Bj

Jes Bond+